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É Hora de Esquecer?

É hora de esquecer… Este parece ter se convertido no slogan da humanidade nos últimos tempos. E, na realidade, nos comove o profundo conteúdo de compreensão que envolve esta bela expressão. Sem dúvidas a vida está cheio de tropeços, de experiências dolorosas, de males que as vezes enchem nossos olhos de lágrimas somente em lembrá-los. E por isso nos parece louvável a tentativa de deixar para trás o sabor amargo e os rancores que enchem o coração e dificultam a ação. Mas uma coisa é trabalhar liberados de rancores e outra muito diferente é fazê-lo em perpétuo estado de “amnésia”. Uma coisa é a generosidade de coração, que entende que é necessário continuar sempre, apesar das dores, outra coisa é esquecer o motivo das dores. Se um homem queima sua mão é mil vezes mais prudente que busque remédio para sua queimadura e que trate de não ter a mente sempre em sua dor; mas em nada lhe beneficia esquecer que foi o fogo que lhe queimou. Daí que nós proporíamos um slogan diferente: É hora de compreender. É hora de compreender que o conflito é parte da própria existência e que é o reflexo entre os homens do conflito…

Casualidade e Causalidade

A angústia e o temor que são produzidos ao enfrentarmos algumas realidades desagradáveis fez, com que, a Humanidade compare sua vida com um jogo casual: nada está relacionado com nada, tudo é uma simples casualidade onde alguns saem ganhando e outros perdendo. E assim, nesta “loteria da vida”, apostamos cada manhã em nossa boa sorte e choramos à noite quando ela não nos favoreceu.  Aos próprios defeitos de falta de vontade, indiferença e covardia psicológica damos a desculpa fácil de que o “mundo é mal e cruel” contra o qual nada podemos fazer. O resultado aparece claramente: se vivemos em uma desordem cósmica onde os acontecimentos seguem a única lei da casualidade , para que preocupar-se por nada? A ciência e a arte – para não falar dos ritos religiosos – são reduzidas por nós a “cabalas” necessárias para arranhar alguma parte da sorte que a vida distribui caprichosamente. E, ante os fracassos, jamais há responsabilidade pessoal: a vida cruel e a casualidade são os culpados da situação e a consciência humana esconde mais e mais na desculpa da impotência ante o destino. Nova Acrópole propõe mudar o conceito de casualidade pelo de causalidade, muito mais claro e comprovável em…

A Alma da Mulher

Chamou-me a atenção uma página de um jornal em que aparece o seguinte título “as mulheres avançam”. Sim, é possível. É uma longa história de reivindicações, uma longa luta para que a mulher possa ocupar um papel digno dentro da sociedade. Mas não deixo de perguntar-me, se vamos pelo caminho correto, se teremos escolhido a via justa, porque todas estas reivindicações pedem para a mulher maior desenvolvimento económico, maiores possibilidades de trabalho, maior segurança no trabalho, maior respeito, maior dignidade… mas como se fosse um posto, um sitio dentro da sociedade, como se fosse nada mais que um sitio físico. E a minha pergunta é: Vamos pelo caminho correto? Porque muito poucas vezes se toma em conta, além deste sítio, desta dignidade e deste respeito, a alma da mulher. Apesar de todas estas grandes lutas que vem assinalando a História, sobretudo nos últimos séculos, no momento atual seguimos registando queixas, mal-estar. A mulher não está satisfeita com o papel que tem na sociedade. Não está satisfeita profissionalmente, não o está com as suas remunerações económicas, e ainda desde o ponto de vista humano, diariamente podemos recorrer a todos os meios de comunicação a quantidade de maus tratos a que se…

A voz da consciência

O filósofo requer a aprovação da sua consciência. Mas, cuidado, não chamemos de consciência os simples apetites, as dúvidas sem resposta, as debilidades, a insensatez. Para que possa falar conosco e nos indicar o que é conveniente ou não, temos que despertar nossa consciência. Para isso devemos cultivar a fortaleza moral, o discernimento, a catarse dos sentimentos. Devemos agir e nos equivocar, sem medo de reconhecer os erros, sem medo de corrigir o que não é válido. Devemos passar por muitas provas para reconhecer essa voz interior como algo íntimo, estável, de acordo com nosso verdadeiro ser, voz que não se altera com o clima das paixões nem com as modas. Intuição e mística Não entendemos por mística uma simples atitude contemplativa, mas uma visão intuitiva e inteligente do mundo que nos transforma e nos leva a agir de acordo com as leis naturais. Como se conquista essa visão intuitiva e inteligente? Certamente é uma visão ou percepção que ultrapassa o intelectual e racional. É a alma, o aspecto mais elevado de nossa consciência, que percebe e pode desvelar, paulatinamente, os mistérios. Os antigos egípcios explicavam que podemos intuir ou perceber os mistérios com o coração, esse coração especial que…

Por que acreditar na humanidade?

Em 27/10/2018, em Pittsburgh, EUA, 11 pessoas foram assassinadas por um antissemita, Robert Bowers, em uma sinagoga. Pessoas entre 54 e 97 anos, orando em um templo. Mais um crime de ódio, e mais amargura no coração daqueles que insistem em manter viva a fé na humanidade. Mas eis que hoje me deparo com uma entrevista, no Channel 4 News, com o Dr.Jeffrey K. Cohen, que liderava a equipe médica que atendeu o atirador ferido. Ele, assim como vários médicos da equipe, é judeu e frequenta a sinagoga onde o crime aconteceu. Indagado pela imprensa, Dr. Cohen respondeu: “Não me cabe julgá-lo. Cabe a mim cuidar dele.” Sou uma professora voluntária de filosofia, e defendo com entusiasmo o lema da Escola de Filosofia Nova Acrópole para o Dia da Filosofia deste Ano: “Por que devemos acreditar na humanidade?”. E acho incrível que, com poucas horas de diferença, um homem atente contra minhas esperanças e outro as devolva de forma tão honrosa. Em suma: há um Robert, e teremos que buscar a origem da alienação que faz com que um homem transfira a responsabilidade total dos males do mundo para um “bode expiatório” e queira eliminá-lo, depois. Mas não há só…

Confúcio

Com o nome de K’ung fu-tzu, o mestre K’ung, a quem os missionários jesuítas de Pekin batizaram  Confucius, sabe-se, na história do pensamento, que é o filósofo mais influente no povo chinês. K’ung Chung-ni, o k’ung Chiu, nasceu segundo a tradição em Kuo Li, próximo à Tsou, estado de Lu, no dia 21 do décimo mês do ano 551 a.C. e teria vivido até 479. Seu pai, Schu-Liang-Ho, havia tido nove filhas de sua primeira mulher e um filho deficiente com a segunda. Como nenhum deles podia fazer o sacrifício aos antepassados, sendo já velho se separou de sua mulher e solicitou uma das três filhas da família Yan, a mais jovem, a qual deu a luz a Kung Tsé. Aos três anos perdeu seu pai. Desde sua primeira infância, mostrou sua inclinação pelos ritos e cerimônias: ordenava vasilhas, seguindo a disposição tradicional não aprendida ainda. Sua família, ao que parece, pertencia a uma nobre linhagem, ainda que pobre. Aos dezessete anos, teve que se empregar em trabalhos subalternos na administração pública, como inspetor de celeiros e de gados, a cargo da família nobre de Ki. Também ensinou nas escolas tradicionais, onde os filhos da nobreza aprendiam a escrever e…