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A Flauta Mágica

“A Flauta Mágica” de Mozart é um dos mais maravilhosos testamentos musicais que nos foram legados por um filósofo-músico. Mozart não foi apenas músico, foi também um filósofo no mais profundo sentido da palavra. Procurou criar uma ponte entre o humano e o divino através do amor, tal como está evidenciado não apenas na “Flauta Mágica”, mas também em toda a sua obra. Sendo essencialmente apolíneo na sua expressão artística, na qual a medida do belo sublima o passional, Mozart conheceu o rapto dionisíaco que eleva a consciência a um mundo superior. Na “Flauta Mágica”, o apolíneo, a iluminação do divino e o dionisíaco, a transmutação do humano, vão de mãos dadas.

A Ética na Medicina: um repasse histórico sobre a ética na medicina .

O cuidado médico aos doentes é um ato essencialmente humano com uma dimensão ética. Um buscador da deontologia médica, P. Peiro, nos diz: ”: Não podemos viver sem uma regra moral à qual estejam submetidas nossas ações“. O médico em atendimento deverá tomar decisões que podem chegar a influir na liberdade ou na vida humana. Deverá resolver problemas que não dependem somente de seus conhecimentos científicos, mas de suas crenças e de suas convicções humanistas A consciência de nossos próprios limites, o respeito pela dignidade humana, a capacidade de colocar-se no lugar do paciente, por exemplo, vai influir de forma evidente no cuidado médico. Assim, sensibilizado para os aspectos humanos da doença, o médico pode compreender que está em presença de um ser completo que sofre e que tem necessidade da ciência. Existe uma ética geral e uma ética específica da medicina cujas origens se confundem. A história da ética médica é a história dos ideais professionais e dos valores associados que influenciam na função do médico. Estes ideais éticos foram desenvolvidos e codificados em cada época pelos mais renomados médicos e constituíram as normas que eram seguidas aos praticantes.  Desde a aurora da Humanidade, houve uma relação estrita entre…

Crise ou Oportunidade: questão de escolha

As crises são tomadas normalmente como ponto de mudança, inflexão, um marco entre um momento e outro, entre o presente e o futuro. Mas, como atuar diante destes momentos de pressão? Como podemos aproveitar as crises para crescermos e nos transformarmos? Existe um drama coletivo em que muitos são carregados. Como construir a nossa individualidade de forma tal a não sermos levados pelas influências daqueles que estão em estado de desespero e ansiedade? Este artigo tratará do que é a crise, qual o seu sentido e como podemos nos posicionar diante dela.   Em primeiro lugar, há que se considerar que as crises são naturais e parte da vida. A vida implica em mudança contínua. Nada para, passamos da infância à adolescência, da adolescência à fase adulta, da fase adulta à velhice e depois ao processo de morte. E dizem, quiçá, para o além vida e talvez, mais ainda, para uma nova fase da nossa trajetória evolutiva. Em todos estes momentos, existem crises. Todo processo de mudança radical e quando é abrupta e rápida tende a gerar dor, pois pressiona um reposicionamento nosso diante da vida, obriga um crescimento, obriga-nos a sermos diferentes. É como a queda de um mundo,…

A Menina que Vendia Castanhas

Numa manhã nebulosa e fria, fazendo o meu trajeto matinal, de automóvel, lembrei subitamente de um livro de histórias que eu possuía, na minha infância… Dessas lembranças que afloram de repente, parece que para nos cobrar alguma coisa, e vão-se embora, sem maiores explicações. Era uma história de uma menina, um daqueles desenhos em que os olhos do personagem são desproporcionalmente grandes, redondos e vivos: ela vendia castanhas num local onde nevava. As pessoas passavam, caíam flocos de neve e ela oferecia, desde seu carrinho onde ardia um pequeno lampião, castanhas… Uma paisagem exótica para uma criança brasileira; um mundo onde tudo parecia distante, misterioso e belo. E eu sonhava e sonhava com um mundo onde tudo fosse assim:magia e beleza.Hoje, quando minha vida já dobra sua quinta década, a menina volta para me visitar, numa manhã nublada, talvez para perguntar: o que você fez com seu sonho? Pensativa diante dessa desafiadora pergunta, baixo a janela do meu carro, que desce devagar, revelando o meu mundo. Continua não nevando nele… mas há, no meio de carros excessivamente apressados e barulhentos, um tronco de árvore cortado, que se inclina para frente, como se quisesse vencer sua imobilidade e avançar… há um…

Protagonistas da História: JOANA D’ARC

(1412-1431) Um coração guerreiro Em certas ocasiões, a história deixa personagens, cujas vidas nos fazem crer ainda nos heróis e, neste caso, nas heroínas. Há momentos decisivos na vida que marcam o caminho do que você vai ser Joana D’arc nasceu em Domrémy, no seio de uma família camponesa. Sua infância transcorreu com normalidade até que, aos treze anos, acreditou ter ouvido a voz de Deus. Com o passar do tempo começou a ter visões de santos mártires, que a acompanhariam pelo resto de sua breve existência.  No princípio de 1429, em plena Guerra dos Cem Anos, essas vozes induziram-na a ajudar o Delfim(1). Antes que os ingleses invadissem Orleáns, Joana conseguiu convencê-lo de que Deus lhe havia encomendado a missão de salvar sua pátria. O Delfim, aconselhado por um grupo de teólogos, aprovou sua petição e concedeu a Joana tropas sob seu comando. Estas conduziram o exército gaulês à vitória definitiva. Uma vez expulsos os ingleses, o monarca Carlos II negou-se a empreender novas ações bélicas contra a Inglaterra. Ainda assim, Joana continuou sua particular cruzada. No ano de 1430, sem o apoio real, lançou uma operação militar em Compiégne, próxima de Paris. Ali foi capturada pelos borgonhêses, que…

Preguiça….Eu?

Em geral, definimos preguiça como lentidão e demora em realizar as coisas. Atraso: Deixar tudo o que se está a fazer para realizar-se mais tarde. Lentidão: Demora exagerada para fazer algo que deve ser feito de imediato. É fácil imaginar a preguiça relacionada: com os nossos movimentos do nosso corpo, com a frouxidão com que se enfrentam as ações, com o tempo excessivo utilizado num alvo que, pela mesma razão, é cada vez mais demorado. Mas a preguiça plasma-se em outros planos da personalidade. Não afeta tanto que chegue a paralisar os sentimentos e os pensamentos. Mas só se sente e pensa-se naquilo que é confortável e agradável, aquilo que não requer esforço e constância. O conforto psicológico é o elemento determinante desta forma de preguiça: evitar qualquer confrontação. O que faz o preguiçoso? Sabe que tem várias situações emocionais que tem de definir ou resolver, mas não quer vê-las. Considera que o tempo irá apagar as nuvens da sua paisagem emocional e, mais tarde, vai ficará resolvido. Quando não se tem escolha, ao lidar com essas situações, facilmente fica irritado, agride aqueles que se atrevem a mostrar-lhe o que não quer aceitar, e faz da ira uma fórmula paliativa…

Para que tua Alma Cresça

Não me refiro ao teu Espírito Divino que, por sê-lo ser divino, não pode crescer nem decrescer, nascer nem morrer, mas àquela parte superior em nós a qual chamamos comumente de Alma. É sabido por todos que o exercício físico, por exemplo, desenvolve os músculos, e, que qualquer aprendizagem deve ser feita com base na tenacidade em exercitar aquilo que queremos fazer crescer, seja o domínio de um idioma ou o de uma máquina qualquer. Da mesma maneira, se queres fazer crescer tua alma tens de exercitá-la, incansavelmente, todos os dias. E para isso não são imprescindíveis os exercícios especiais, basta uma reta atenção, naturalmente orientada ao espiritual. Quando observares o fototropismo das folhas de uma planta ou a casca das árvores, trata de captar aquilo que está mais interiormente colocado, o que é o motor e a causa do que superficialmente vês. Acostume-te a sentir as mãos de Deus através do teu entorno, estudando cuidadosamente todas as coisas, com a pureza e a inocência de uma criança. Acostuma a te deter várias vezes por dia ano teu trabalho e afã, para te dedicar, embora seja por uns poucos minutos, a observar. Deixe teu corpo quieto e em uma posição…

Como Massinha de Modelar…

Ninguém se esqueceu, penso, das massinhas de modelar com que brincávamos na nossa infância; alguns, como eu, se reduziam a fazer bolinhas coloridas, mas os mais habilidosos chegavam a pequenas esculturas muito graciosas; bons momentos foram passados ao lado deste brinquedo. Também chega a ser bem óbvio que continuamos, em outras fases da vida, “modelando” outras “massinhas”, às vezes bem mais sutis, como pensamentos e sentimentos, nossos e alheios, até as substâncias mais concretas, como palavras e atos. Também poderíamos medir a nossa habilidade para lidar com estas substâncias pela galeria de “produtos” que vamos deixando para trás, dentro e fora dos outros e de nós. Isso constitui nossa história, nossa memória, a síntese do que deixamos registrado na vida. Lindas manhãs de sol são bem conhecidas como ótimas para nos chamar a atenção para pequenas belezas desapercebidas, como pássaros, flores etc. São comuns os textos idílicos sobre estas coisas. O que gostaria de questionar é se estas e todas as demais coisas, enfim, em todos os planos, também não são o rastro de alguém, que deixou registrado, para todos os lados, sua própria história. Será que existiriam as coisas sem que nada tivesse passado e deixado marcas nesta amorfa…

O Anel de Giges – Anonimato, responsabilidade e justiça

Conta Platão, no capítulo II de seu livro “A República”, que em época remota, na Lídia, um pastor de nome Giges encontrou um anel de ouro no dedo de um esqueleto humano gigante, após um terremoto, dentro de uma fenda que se abrira no solo, próximo ao local onde ele apascentava ovelhas. O anel, ele logo descobriu, possuía o poder de tornar invisível quem o utilizasse (já vimos isso em outro lugar), e de acordo com a fábula, Giges, que era um homem comum até então, começou a fazer mal uso de seu novo poder, e perpetrou atos infames, até assassinar o rei da Lídia e ocupar seu lugar no trono. Vemos, com esse mito platônico, que é bem antiga a atração pelo anonimato, por poder fazer o que se quer sem que ninguém saiba. É bem anterior às máscaras e à internet. E o que se busca com o anonimato? É bem evidente que quem busca o anonimato, em geral, salvo as exceções, o faz para não ter de se responsabilizar pelo que faz. Tem intenção de fazer algo que a sociedade e/ou ele próprio consideram ilegal ou moralmente reprovável, e por isso se esconde detrás de uma máscara,…

A Interpretação Esotérica de A Primavera

Este tema, da interpretação esotérica de uma das pinturas mais famosas do mundo, não é fruto de fantasias, mas de se ter reencontrado a chave básica utilizada pelo genial Sandro Botticelli – que é conhecido por este nome – para representar maravilhosamente a passagem da alma pela manifestação carnal. Um prólogo necessário a toda a referência ao fantástico movimento do Humanismo, infelizmente até hoje muito mal compreendido pelos especialistas influenciados pelo pensamento exclusivista centro-europeu, serve para nos pormos em dia com as novas correntes de interpretação histórica que estão a despontar de cara voltada para o século XXI. Para começar, esclarecemos que as divisões do passado humano suficientemente conhecido para se chamar «História» respondem, se bem que baseadas em fatos reais, ao nível das possíveis investigações e aos critérios mais ou menos gerais dos especialistas, os quais fixam, antes de tudo, uma meta pedagógica, pois história que não se ensina não é história segundo a acepção atual. Até meados do século XX, a nossa cultura ocidental dividiu o seu próprio passado recente em: Época Clássica, desde o século VI a.C. até ao século V, fazendo coincidir esta última data com a queda do Império Romano do Ocidente. Idade Média, desde…