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Pátria Amada, Brasil

Das recordações de infância, guardo com muito carinho as manhãs ensolaradas em que, perfilados em frente à porta da sala de aula, cantávamos o Hino Nacional Brasileiro, com a mão sobre o peito vendo nossa Bandeira ondular ao vento. E me lembro de que naqueles momentos havia um sentimento de força e poder, perceptível por muitos de nós, e que sentíamos emanar de nossa união a cantar, em alta voz, naquela posição marcial, as sagradas palavras de nosso Hino. E vinha também, lá do fundo, uma sensação indefinível, de que éramos chamados a atender algo importante, maior do que todos nós, e que nos necessitava para se tornar realidade. Hoje posso compreender o que então não passava de um sentimento, o que significavam aquelas sensações. A história nos mostra que o valor do ser humano está em sua capacidade de servir à Humanidade, e não houve, nem nunca haverá um herói ou grande homem, que tenha sido grande por fazer apenas para si próprio ou para sua família de sangue. E como poderemos servir à Humanidade, sem amá-la? E como poderemos amar a Humanidade, se primeiro não amamos nossa Pátria, nossa mãe gentil? A filosofia antiga, e também hoje a…

Prometeu Acorrentado

No próximo dia 17, como ocorre todos os anos, na terceira quinta-feira do mês de Novembro, é comemorado o Dia Mundial da Filosofia, evento estabelecido pela UNESCO com o objetivo de promover a importância da reflexão filosófica e estimular a troca de experiências entre diferentes países, culturas, religiões, raças, formas de pensar e de viver. A UNESCO considera que a Filosofia provê as bases conceituais dos princípios e valores dos quais depende a convivência harmônica entre os povos. Neste dia, diferentes tipos de organizações, grupos comunitários, universidades e agências de governo, em diversos países, promovem eventos para discutir e inspirar o debate público sobre os desafios enfrentados pela sociedade em todo o mundo. A humanidade, com suas variadas formas de expressão cultural, necessita sempre encontrar respostas apropriadas que possibilitem a paz entre os seres humanos, respeitando suas diferenças. O fanatismo, o sectarismo e toda forma de radicalismo político, religioso, artístico e científico impede o diálogo construtivo, única forma pacífica de promover a convivência harmônica da humanidade. Várias guerras, guerrilhas e convulsões sociais, onde inúmeras vidas foram ceifadas de forma violenta, decorreram de posições radicais que tentaram se impor pela violência, rejeitando o diálogo. Observando a história, podemos constatar, em todos…

A Arte de Encontrar Deus

Humanidade nunca teria dominado a matéria natural do seu meio envolvente se não tivesse sido por um feito aparentemente sobrenatural que é a intuição de Deus. Foi isto e não outra coisa que a diferenciou definitivamente dos animais. Segundo as mais antigas tradições que não contradizem as últimas investigações da ciência – o habitualmente chamado “Homo Sapiens” não foi o começo da Humanidade, mas os restos de uma forma anterior cuja cultura e civilização foi destruída, gerando outra nova, a atual. A característica deste “Homo Sapiens”, e o que o diferencia do degenerado humanoide denominado “Homo Habilis”, é que desde o início, toda a sua vida, refletida nos restos das suas obras, está impregnada de magia, ou seja, de uma instrumentalização metafísica ao serviço de um contacto, mais ou menos misterioso, entre a sua própria identidade espiritual e o Divino. Os cultos à Grande Mãe ou ao Pai Urso não são mais do que formas externas de uma percepção viva e permanente de um “Algo” que está mais além do estritamente visível, com um número indeterminado de intermediários, desde os Espíritos da Natureza até aos grandes Deuses que regem o destino dos astros, incluindo a nossa própria Terra. Através das…

Crescer em Memória e Imaginação

A uns quantos séculos de distância é sumamente interessante unir-nos a esta revolução. Começando por ampliar a nossa memória, ou por outras palavras, saber viver, não passar pela vida a transitar como o vento, mas recolhendo experiências, não tendo medo a acumulá-las e a assimila-las, extraindo de elas tudo o que nos interessa. A isso chamamos de saber viver, memorizar, não repetir sempre os mesmos erros, retirar dos provérbios o facto de que o homem é o único animal que tropeça não duas vezes, mas mil, na mesma pedra. Deveríamos tropeçar uma vez, e se temos memória, não voltar a fazê-lo nunca mais. Isto é ampliar a nossa memória, aqui e agora. Também deveríamos ampliar a nossa imaginação, já que ela é a arma com que podemos criar. Se antes dizíamos “saber viver”, agora deveríamos dizer “saber construir”. A imaginação não é perdermo-nos nos recantos de fantásticas imagens que nos arrebatam, e que nos ajudam a esconder-nos mas não a afrontar a vida, mas sim o espelho, a capacidade de captar imagens superiores, e é a força de fazer com que essas imagens superiores se convertam em realidades no nosso mundo. Trabalhar com a imaginação é converter-nos todos em artistas,…

Vocação e Formação dos Jovens

Escrevo esta carta a um jovem cujo nome desconheço, uma dessas pessoas com as quais cruzamos na rua ou enquanto esperamos na fila do caixa de uma loja. Um jovem que é a síntese e o símbolo de muitos que vivem circunstâncias semelhantes. Foi impossível deixar de escutar o que ele dizia a um amigo: “Tenho muito que estudar; não poderei sair este fim de semana, embora, claro, não faça o curso que gostaria, porque não obtive os pontos suficientes para fazer o curso que sonhava. Enfim, me conformarei com o que consegui.”    As palavras eram acompanhadas de um sorriso artificial, de decepção, que ri de si mesmo, uma aceitação de regras de jogo que ninguém compreende. A maioria das pessoas sabe que nosso mundo muda a grande velocidade, que as coisas não são como antes, que o que, não faz muito tempo, era considerado válido caiu no esquecimento e foi substituído por novas situações. Mas essas mudanças podem afetar aspectos substanciais do ser humano? Até há pouco tempo – e creio que ainda é assim –, havia pessoas que, desde pequenas, expressavam o desejo de estudar algo, de ser alguém, de realizar alguma tarefa específica quando fossem adultos.…

Convicção e Fanatismo

A nossa intenção é de clarificar a diferença que vemos entre convicção e fanatismo para que, postas as coisas no seu devido lugar, cada qual possa ajuizar sobre si mesmo e sobre os outros com um pouco mais de precisão. A convicção é um alto compromisso psicológico, intelectual e moral que surge de uma adesão progressiva e fundada em boas razões, em provas, em experiências, em modelos e bases sólidas. Uma pessoa com convicções demonstra uma saúde integral, uma segurança interior invejável, sabe de onde vem e para onde vai, que lhe permite mover-se com equilíbrio e sensatez. As convicções nascem de exercício constante das nossas capacidades interiores e da transformação paulatina de opiniões mutáveis em juízos estáveis. Não se trata de anquilosamento nem de estagnação; pelo contrário, quem tem convicções vive ao ritmo das Ideias, pois estas têm uma energia própria e um ritmo natural de desenvolvimento. Uma pessoa com convicções é tolerante. É firme no que lhe diz respeito, mas dá lugar aos outros. Sempre disposta a ouvir, não despreza os que pensam de outro modo. Possui uma tolerância ativa: ouve os outros, expõe e defende os seus próprios pensamentos sem ferir, sem insultar. Sabe criar espaço para…

Abrir a mente: fazer nossas as melhores ideias

Podemos pensar absolutamente sozinhos, sem nenhuma influência? Creio que não, que ninguém tem essa capacidade, mas sim que, em todo o caso, podemos assumir ideias de outras pessoas que se ajustam às nossas para que cheguemos a senti-las decisivamente nossas. O que podemos fazer é interiorizar ideias, pensamentos, crenças que intuímos que são as que mais nos convêm. Em questão de convicções, não interessa a originalidade, ou ter uma ideia nova nunca expressada até agora, mas sim viver com propriedade uma ideia que pode vir desde tempos remotos e que, porém, nos seja útil e apropriada para elaborar todo um sistema de valores relacionados. O primeiro passo, pois, consiste em abrir a mente aos seus aspectos de imaginação criadora e intuição, e não se fechar. Do exercício do pensamento, do saber escutar, do saber ler, do olhar para as palavras e no que elas significam, se abrirá pouco a pouco a confiança nas certezas que começam a aparecer. O segundo passo é tentar viver, aplicar essas ideias e intuições, fazê-las nossas, experimentar; embora cometamos erros e equívocos, também se aprende com os erros. Se alcançamos viver plenamente uns poucos sentimentos grandes, umas poucas ideais claras, experimentaremos a segurança de nos…

Reflexões sobre Jung – “Questão do Coração”

Em tempos em que nem sempre as opções oferecidas pelos cinemas parecem ou são realmente interessantes, uma dica para quem deseja selecionar bem o que assistir em casa. Produzido em 1986 nos Estados Unidos, “Questão do Coração” é um documentário sobre vida e obra de Carl Gustav Jung, que foi lançado Brasil apenas no dia 6 de dezembro de 2013, pela Versátil. Consta de uma entrevista com o próprio Jung, datada da década de 50, e com depoimentos de vários de seus amigos e alunos. Dentro da densa quantidade de informações oferecidas, nem sempre fáceis de compreender, destaca-se a ideia do inconsciente, Descrito pelo próprio Jung como uma das razões para seu famoso rompimento com Freud, pois este último encarava o inconsciente apenas como um espécie de “depósito” onde os resíduos da atividade consciente são descartados; para Jung, pelo contrário, trata-se de uma rica fonte de experiências, com vida autônoma, por vezes. Ora vejam bem, para quem não trabalha diretamente com psicologia, analítica ou não, mas com filosofia, lembramos do conceito de inconsciente como tudo aquilo que influencia nossa atividade consciente, sem que possamos ver com clareza suas origens; daí que poderíamos identificar diferentes patamares de inconsciente: pessoal, individual, cósmico…pois…

Nossos Estados de Consciência São Saudáveis?

Existem estados patológicos, tanto psíquico como mentais, que têm uma forte influência em seu entorno. Não é preciso referir-se aos estados mais graves. A melancolia, a preguiça, o mau humor, a depressão, o egoísmo, o medo, a dúvida, o ceticismo, o fanatismo, a passividade e a violência – para não continuar citando exemplos similares – formam uma “nuvem” ambiental da qual é muito difícil escapar, a menos que se conte com certa força de vontade e uma personalidade bem definida. O que mencionamos como fenômeno comprovável em pequenos grupos, também se dá em grandes concentrações humanas Pois bem, nos interessa perguntar por que não se contagia a saúde, todas as vezes que os estados de consciência têm a particularidade de ser transmitidos? Sim, também a saúde se “contagia”, se podemos usar esse termo, ainda que, curiosamente, com muito mais dificuldade. A saúde equivale a um estado de harmonia, de equilíbrio, e só pode contagiar àqueles que têm em si essas mesmas características, e são receptivos ao equilíbrio e à harmonia. Os estados de consciência que só se movem dentro do estreito campo que vai do corpo até a mente, são os mais suscetíveis a adoecer e transmitir essas doenças. Todos…