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Pierre Hadot: conselhos práticos para a arte de viver

A obra “A filosofia como maneira de viver”, onde o filósofo francês, Pierre Hadot, falecido em 2010, compartilha seu pensamento sobre a necessidade de retomarmos a filosofia como forma de vida, traz ensinamentos valiosos para os nossos tempos atuais: a filosofia como conselheira para o bem viver e como forma de encontrar um sentido maior para a vida, a partir de uma mística própria e lógica, não necessariamente religiosa, embora tenha tido as primeiras influências enquanto sacerdote.

Tomando como base pensadores como Platão, Aristóteles, os neoplatônicos (Plotino) e os estoicos (Marco Aurélio) e ainda Immanuel Kant, São João da Cruz e São Tomás de Aquino, Hadot conta, a partir de sua experiência, como a filosofia é uma ferramenta útil para responder às questões da vida. Principalmente nos tempos atuais em que vivemos.

A mística nasceu na filosofia e depois foi integrada à religiosidade porque o objetivo da filosofia sempre foi transcender a banalidade, a visão comum do mundo.

A filosofia antiga, segundo ele, não era “uma pura teoria, mas um modo de vida para promover o progresso espiritual e a transformação interior”, que nos permite aprender a ver as coisas sem nos projetarmos nelas, sem nossos pré-conceitos e medos, com ‘olhos de primeira vez’, ver o que podemos aprender com elas. A filosofia, nesse sentido, treina o nosso olhar.

Isto porque a filosofia coloca o ser humano como protagonista deste cenário e não observador passivo. Ela forma o ser humano com identidade própria, com uma confiança nas possibilidades do ser humano sobre as situações adversas. Ela nasceu para isso.

Outro ponto que Hadot recupera é o fato de que é preciso que a bondade seja como um instinto, ou seja, devemos praticá-la como a abelha que produz o mel porque este é o seu papel e missão, não porque há códigos sociais que a obrigue. É feliz por produzir mel. Eu sou humano e, portanto, pratico o bem.

A filosofia nos propicia desvelar a nossa essência, dos demais e das coisas. É o ato de concatenar ideias com a vida. Temos valores humanos que estão adormecidos e que através da filosofia podemos resgatar e conduzir para que tenhamos uma vida mais consciente e plena de significados.

Na Nova acrópole buscamos fazer existir novamente aquilo que é e que sempre foi a essência da filosofia, que é buscar promover o espírito humano. Essa é a nossa meta e nossa forma de trabalho, em sintonia com o pensamento de Hadot e de tantos outros. As necessidades humanas legítimas são de valores, virtudes e sabedoria, tudo o que aproxima o homem disso é uma boa ação.

Lúcia Helena Galvão

Professora de filosofia, escritora e conferencista. Atua há 31 anos na Nova Acrópole, sendo uma das palestrantes mais antigas e ativas. Ministra aulas sobre os mais variados temas: ética, sociopolítica, simbologia, história da filosofia, entre outros. Poetisa, já publicou quatro livros, além de produzir artigos e crônicas frequentemente publicados pela imprensa de todo o país. Profere ainda palestras e conferências regularmente para grandes públicos no Brasil. Na internet, é um fenômeno nas redes sociais e Youtube, onde possui milhares de seguidores e 40 milhões de visualizações.