Vivemos em um mundo poluído e nos acostumamos com isso. Principalmente nas grandes cidades, o nível de poluição ambiental aumenta a cada dia, mas, como não podemos abandoná-las, porque nelas estão ancoradas nossas obrigações, simplesmente nos adaptamos a essa situação. Nosso organismo criou anticorpos, e quase naturalmente nos acostumamos ao antinatural. Porém, o processo é mais complexo: a situação não se reduz ao meio físico, mas se expande aos planos psicológico e mental, contaminando as vivências humanas a pontos inimagináveis. A sujeira psicológica se manifesta em emoções grosseiras que se introduzem em todos os espaços da vida. A violência, a agressividade, o egoísmo extremo, parecem ser as medidas usuais na maioria das sociedades. Ao princípio, causam grandes sofrimentos – e continuam causando –, mas, se antes alguém se perguntava até onde seria possível suportar sim explodir, criamos anticorpos para nos defender e seguir adiante como podemos. Certamente a insegurança, o temor, a vulnerabilidade, nos perseguem, mas os anticorpos geraram uma forma de indiferença, que parece indiferença, mas não é. Essa frieza com que aceitamos as maiores crueldades – com a qual tomamos café da manhã todos os dias, graças à mídia – é uma forma de resistir, um dizer a…