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Marco Aurélio: A capacidade de lidar com os medos e as incertezas

Conhecido como o imperador filósofo, desde criança Marco Aurélio se dedicou a buscar a sabedoria através da filosofia. Integrou a corrente do Estoicismo, cujo compromisso era o desenvolvimento de uma moral humana. Moral esta que ajuda a distinguir o que é eterno do que é passageiro; o que é bom, daquilo que se afasta do bem; o justo, do que é injusto. E a partir destas distinções poder fazer melhores escolhas, ter uma vida mais serena e segura. Esta coerência entre os princípios e as ações nos dá poder diante das circunstâncias. Um eixo de sustentação interno que nos garante uma independência dos acontecimentos à nossa volta. Oriundo de uma família nobre, Marco Aurélio nasceu em Roma no ano 121 d.C. Teve várias dificuldades pela posição que ocupava e por querer viver uma vida moral. Seu campo de atuação foi Roma, onde foi preciso lidar com a diversidade de línguas, religiões, invasões, pestes e traições. Ele exercitou sua moral nessas dificuldades que se apresentavam. Assim como Marco Aurélio, também temos nosso campo de atuação, que está na nossa família, trabalho, trânsito, ou seja, no nosso dia a dia. Desde criança, Marco Aurélio demonstrava interesse em valorizar os prazeres da alma…

Confúcio: convivência em tempos de crise

As relações humanas são fontes de dores e prazer para nós: a convivência é difícil para todo mundo, é um desafio poder se relacionar. A filosofia por trás de Confúcio nos mostra como é possível construirmos pontes em vez de muros, harmonizando nossas relações e tornado a convivência uma experiência evolutiva. Confúcio nasceu na província de Lu, no ano de 551 a.C., e deixou uma filosofia voltada para a civilidade, tratando sobre os protocolos nos relacionamentos humanos. Ele partiu da mentalidade clássica chinesa que ele resgatou em seu período histórico, marcado por muitos combates e divisões. Confúcio ensinava que o ser humano deveria viver para cumprir o seu papel no mundo concreto a fim de estabelecer e refletir a ordem cósmica, a fim de poder espelhar o céu. Todos nós temos o nosso papel, e quando conseguimos cumpri-lo bem, reproduzimos essa ordem cósmica na Terra. Conseguimos isso por meio do tom cerimonial com que tratamos todas as coisas da vida: a palavra certa, o tratamento adequado, a forma com que nos dirigimos às pessoas à nossa volta – para tudo existe um protocolo mais justo. Cada uma das nossas relações exige uma postura interna diferente, e à medida que o…

Sêneca: a vida simples e feliz

Ser forte e feliz, apesar das adversidades. Este foi um dos ensinamentos que o filósofo estoico Sêneca nos deixou. Lúcio Aneu Sêneca nasceu no ano 4 a.C., em Córdoba, na Espanha, e faleceu no ano 65 d.C., em Roma. Em linhas gerais, para o estoicismo a ética é um pré-requisito para a felicidade. A vida de Sêneca em Roma pode-se dizer que foi conturbada. Agripina, mãe de Nero, o escolheu para educar seu filho. No entanto, a certa altura, Nero enlouquece, mata a própria mãe, comete muitas barbaridades e condena Sêneca a cometer suicídio. Então, Sêneca corta os pulsos numa banheira com água quente. Apesar das dificuldades enfrentadas ao longo da vida, sua capacidade de reflexão era altíssima. Deixou verdadeiros tesouros para a posteridade em suas obras, a maior parte estruturada em cartas. O foco deste artigo serão as cartas escritas a seu amigo Lucilio, ao seu irmão Galião e a São Paulo, cartas excepcionais focando a questão da felicidade. Extraí p7 pontos dessas cartas, com reflexões que possibilitam a descoberta de um estilo de vida mais natural e mais feliz. Ponto 1 “Devemos suportar com o espírito forte tudo o que, por lei universal, nos é dado a enfrentar”…

Pierre Hadot: conselhos práticos para a arte de viver

A obra “A filosofia como maneira de viver”, onde o filósofo francês, Pierre Hadot, falecido em 2010, compartilha seu pensamento sobre a necessidade de retomarmos a filosofia como forma de vida, traz ensinamentos valiosos para os nossos tempos atuais: a filosofia como conselheira para o bem viver e como forma de encontrar um sentido maior para a vida, a partir de uma mística própria e lógica, não necessariamente religiosa, embora tenha tido as primeiras influências enquanto sacerdote. Tomando como base pensadores como Platão, Aristóteles, os neoplatônicos (Plotino) e os estoicos (Marco Aurélio) e ainda Immanuel Kant, São João da Cruz e São Tomás de Aquino, Hadot conta, a partir de sua experiência, como a filosofia é uma ferramenta útil para responder às questões da vida. Principalmente nos tempos atuais em que vivemos. A mística nasceu na filosofia e depois foi integrada à religiosidade porque o objetivo da filosofia sempre foi transcender a banalidade, a visão comum do mundo. A filosofia antiga, segundo ele, não era “uma pura teoria, mas um modo de vida para promover o progresso espiritual e a transformação interior”, que nos permite aprender a ver as coisas sem nos projetarmos nelas, sem nossos pré-conceitos e medos, com…