Quando lemos os textos de História destacam-se as figuras de um Alexandre, um Júlio César, um Napoleão, um Bolívar, como que sobressaindo do seu fundo, de tal maneira que somente os vemos a Eles. É óbvio que não sonharam, trabalharam e lutaram sozinhos – e isso pouco importa – mas as suas silhuetas tremendas cobrem todo o horizonte dos feitos humanos, quase sem deixar lugar a outra coisa a não ser eles próprios. Inclusive, quando são mencionados os seus colaboradores, os seus inimigos, os seus amores, as suas amizades, todos eles parecem anões e se os conhecemos é somente pelo cruzamento circunstancial com a figura do Herói. Se Xantipa não tivesse despejado em público um balde de água sobre a cabeça de Sócrates o seu nome jamais teria chegado a nós; e dela sabemos – ou importa-nos saber – pouco mais do que essa história. Mas desde o século XVIII, foi-se forjando o que o nosso genial Ortega chamou “A Rebelião das Massas”. E as figuras heroicas vão-se diluindo em cada vez mais numerosa companhia. Não se desconhecem os seus méritos, mas estes são partilhados com muitos e a tumba ao “Soldado Desconhecido” é, geralmente, nos dias que correm, mais…