Escrevo esta carta a um jovem cujo nome desconheço, uma dessas pessoas com as quais cruzamos na rua ou enquanto esperamos na fila do caixa de uma loja. Um jovem que é a síntese e o símbolo de muitos que vivem circunstâncias semelhantes. Foi impossível deixar de escutar o que ele dizia a um amigo: “Tenho muito que estudar; não poderei sair este fim de semana, embora, claro, não faça o curso que gostaria, porque não obtive os pontos suficientes para fazer o curso que sonhava. Enfim, me conformarei com o que consegui.” As palavras eram acompanhadas de um sorriso artificial, de decepção, que ri de si mesmo, uma aceitação de regras de jogo que ninguém compreende. A maioria das pessoas sabe que nosso mundo muda a grande velocidade, que as coisas não são como antes, que o que, não faz muito tempo, era considerado válido caiu no esquecimento e foi substituído por novas situações. Mas essas mudanças podem afetar aspectos substanciais do ser humano? Até há pouco tempo – e creio que ainda é assim –, havia pessoas que, desde pequenas, expressavam o desejo de estudar algo, de ser alguém, de realizar alguma tarefa específica quando fossem adultos.…