Quando era pequena, amava aquela passagem do Peter Pan, onde a Sininho falava que, cada vez que alguém dizia não crer em fadas, uma fada morria. Batia palmas, energicamente, junto com Peter Pan, para que ela voltasse à vida, e vibrava quando ela alçava voo, espalhando pó de pirlimpimpim para todos os cantos. Num desses dias, escutava uma jovem que, ao se lamentar pelo aparente fracasso em seu relacionamento, usou uma frase fatal: “Já não sou mais uma menina para acreditar em príncipes encantados montados em cavalos brancos e em amor eterno… já me conformei com a realidade!” Acho que o pó de pirlimpimpim, tantos anos adormecido dentro de mim, despertou e soltou faíscas diante disso: como assim? que realidade? Que as paixões morram, acho natural, pois buscam coisas tão superficiais que já nascem meio mortas; tão instintivas, que parecem mais anseios do cavalo que do príncipe; tão densas e carregadas de fantasias, que parecem partir mais do fígado do que do coração… são mesmo fugazes, as paixões. Mas por que devem carregar consigo o Amor? Quem disse que elas suportariam tal peso? “Mas os fatos comprovam…” diria a nossa jovem… quem disse que a realidade se mede por fatos?…