São obras do período helenístico, guardadas no Museu do Louvre, em Paris. Realizadas em mármore pentélico e de Paros, resumem as expressões corporizadas de duas deusas: Niké e Afrodite. Resumem também dois recônditos mistérios que torturam, acompanham e glorificam a humanidade desde a sua aparição na Terra: a Guerra e o Amor. Neste mundo superficial, onde a pouca profundidade substituiu a guerra pela briga e o amor pelo sexo, as duas imagens fabulosas nos levam a nossos ancestrais puros e formidáveis. Nenhuma das dois pode ser compreendida pelo turista apressado; é necessário meditar pelo menos uma hora ante cada uma delas para preencher-se com suas essências. A Vitória, dorso de mulher envolta em túnicas revoltas pela humanidade e pelo vento e sustentada por poderosas assas, de pé, na proa de um navio de pedra nos fala do triunfo sobre o mal, de gloria e de ascensão através de um ideal inegoísta e sublime. É a Guerra Sagrada, o triunfo sobre a escuridão, a ignorância e o medo. A seu lado sentimos o fragor dos gritos dos remadores encantados pela aventura, remando sem porto, pelo mar, de vento cruzado com o gemido augural das gaivotas. Abaixo ruge o Oceano negro; acima…